Selo de Participação da BC Lendas Urbanas
Realizada nos blogs:
Produzido por: Christian V. Louis
Em Parceria com: Pandora
Olá a todos!
Como sempre, o meu amigo Chris em parceria com a Pandora escolheram um tema muito interessante: Lendas Urbanas, daquelas lendas ligadas ao mundo do sobrenatural. Então, decidi realizar uma pesquisa na internet para me inspirar para criar a minha própria lenda urbana.
Escrevi-a em conto e desde já, quero dizer a todos que esta história é baseada num caso real que me foi contada por uma amiga há uns bons 10 anos atrás. Os nomes foram alterados e parte da história também, para que dessa forma não se possa relacionar com as pessoas envolvidas.
Três Amigas
Elas eram três amigas: Palmira, Íris e Constança. Íris era muito curiosa e sempre se interessara pelas coisas do oculto, do sobrenatural. Na noite de sexta-feira de 31 de Outubro de 2008, véspera do
Dia das Bruxas ─ Halloween, as três moças reuniram-se e foram fazer uma maratona de filmes de terror. Era assim que costumavam comemorar e, sempre as três. Alugaram os filmes do Pesadelo em Elm Street, O Exorcista - um clássico, e A Noite dos Mortos Vivos.
Combinaram tudo na escola com a finalidade de se encontrarem à noite na casa de Íris, para se reunirem para a tão ansiada noite. As raparigas estavam muito excitadas e ansiosas pela noite que se aproximava, ainda para mais, iriam ter a casa só para elas, pois os pais de Íris estavam ausentes. O pai tinha ido a um seminário em Estocolmo e a mãe trabalhava no hospital no turno da noite.
─ Estarei de volta amanhã de manhã! Portem-se bem e com juízo, ─ disse a mãe de Íris ao sair.
─ Que seca! ─ Exclamou Íris enfadada.
─ Deixa lá, as mães são todas assim. É normal ─ Disse Constança, piscando o olho à amiga.
Encomendaram umas pizzas e jantaram em frente à televisão vendo filmes, mas abusaram um pouco da cerveja. Até que por volta da meia-noite, Íris diz para as amigas:
─ E se fossemos fazer uma coisa diferente?
─ O quê, por exemplo? ─ Perguntou Palmira.
─ Por exemplo, o jogo do copo!
─ O que é isso? É para ver quem fica bêbeda mais rápido? Boa, também jogo! ─ Exclamou Constança animada!
─ Bêbedas já nós estamos! ─ Respondeu Palmira desmanchando-se a rir com Constança.
─ Não é nada disso, amigas. O jogo do copo é para contactarmos com alguém do além. ─ Esclareceu Íris entusiasmada.
─ Do além?? ─ Perguntou Palmira sem perceber nada.
─ Sim, Palmira. Do além-tejo – Alentejo! Percebes? Resumindo, a Íris quer contactar com um alentejano, mas antes tem de beber uns copos porque não tem coragem! ─ Disse Constança para a amiga e ambas desataram a rir a bandeiras despregadas.
─ Vamos mas é ver outro filme, ─ disse Palmira e Constança colocou um dos filmes no DVD.
Nesse momento, Íris ficou muito séria e com um estranho brilho no olhar. De repente, rouba o comando da televisão e apaga-a.
─ Não vamos nada ver outro filme, vamos fazer o jogo do copo. Gajas, aquilo é para nós falarmos com os espíritos! Estive a ver ontem na net e achei um espetáculo! Vá lá, ‘bora fazer. ─ Pediu Íris.
─ Não curto disso, ─ respondeu Constança.
─ Eu quero fazer, ─ disse Palmira. ─ Fazemos as duas, Íris, a Constança não quer.
─ Pois, mas para fazer isto são precisas três pessoas e a Constança está cheia de medo.
─ Não tenho nada medo, só não gosto disso. Só isso!
Então, para convencer Constança, Íris decide seduzi-la e beija-a na boca. Ela sabia que Constança estava apaixonada por si, há muito e portanto, não deveria ser difícil convencê-la. Após o beijo disse-lhe:
─ Se fizeres o jogo connosco, depois faço-te um striptease…
─ Estás a dizer isso só para conseguires o que… ─ E Íris beijou novamente Constança, mas desta vez um beijo mais ardente.
─ Estavas a dizer o quê mesmo…? ─ Perguntou Íris fazendo-se distraída.
─ Ok! Ok! Ok, eu alinho… ─ Disse Constança seduzida por Íris.
─ Boa! ─ Exclamaram Íris e Palmira.
Entretanto, Íris e Palmira prepararam tudo. Acenderam velas, apagaram as luzes e trouxeram um copo de água vazio. Íris colocou todas as letras do alfabeto em semicírculo, depois dispôs os números do zero ao nove, as palavras «Sim» e o «Não» e o copo de água vazio no centro da mesa.
─ Meninas, venham para a mesa e juntem-se a mim. ─ Disse Íris indicando os lugares delas, uma do seu lado direito e outra do lado esquerdo. Formavam um triângulo perfeito.
─ E agora? ─ Perguntou Constança.
─ Chiuuuu. A Íris está a concentrar-se ─ Respondeu Palmira.
─ Vamos todas fechar os olhos, dar as mãos e ficar em silêncio um bocadinho para unirmos a nossa energia, ─ disse Íris muito solene.
─ Agora vamos pôr o dedo indicador sobre o fundo do copo.
As raparigas obedeceram. Então, sentindo um ligeiro formigueiro a subir pelo dedo, Íris perguntou se estava algum espírito entre elas e o copo deslocou-se para a palavra «Sim». Depois perguntou-lhe se ele estava no reino dos mortos há muitos anos e novamente, o copo deslocou-se para a palavra «Sim».
─ Este jogo é uma treta, tu é que estás a mover o copo, Íris! ─ Exclamou Constança retirando o dedo.
─ Não sou eu! Juro, o copo está a mover-se sozinho.
─ Sim, sim e eu sou o Pai Natal! ─ Respondeu Constança com sarcasmo.
─ Vá lá, vamos continuar. ─ Pediu Palmira a Constança.
─ Ok, pronto. ─ Disse Constança cedendo uma vez mais. Voltaram a pôr os dedos no fundo do copo e quando Íris perguntou se estava algum espírito presente, o copo moveu-se rapidamente para a palavra «Sim» e desta vez, todas sentiram um formigueiro intenso nos dedos. Parecia um choque eléctrico!
─ Au! Chiça, vocês sentiram o que eu senti, tipo um choque eléctrico?! ─ Perguntou Constança surpresa.
─ Yeah!! Mas agora cala-te um bocadinho. Deixa a Íris a concen…
─ Concentrar-se, yeah, já sei. Fonix!! ─ Interrompeu Constança aborrecida com Palmira, por esta a repreender novamente.
─ És o mesmo espírito com quem falámos à pouco? ─ Perguntou Íris.
E o copo moveu-se velozmente para a palavra «Não».
─ Quem és, então? ─ Perguntou Constança impaciente…
Então, o copo moveu-se numa velocidade incontrolável até ao número 6, repetindo-o mais duas vezes. O copo saiu da mesa e caiu no chão, partindo-se. Nesse preciso momento uma janela abriu-se e um vento frio entrou em casa, movendo os cortinados, varrendo os papelinhos do jogo do copo pelo ar e apagando as velas.
─ Vamos acabar com isto, já foi longe demais… ─ Disse Constança com medo, tentando fechar a janela que teimava em abrir-se.
Palmira tenta acender a luz, mas esta não acende.
─ Tens razão, vamos acabar com isto! Temos de mandá-lo embora! ─ Disse Íris, assustada.
Uns sons estranhos ecoaram pela casa e uma voz masculina e muito imponente gritou:
─ NÃOOOO!!!
Íris pega nos papéis recortados com as letras do alfabeto, nos números e nas palavras «Sim» e «Não», e num gesto desesperado deita para a lareira, queimando tudo. Uma chama enorme surge nesse momento e Palmira, vê uma sombra escura entrar dentro do corpo de Íris…
Minutos depois ouvem-se gritos…
No dia seguinte, a principal notícia nos jornais era a seguinte:
«NOITE DE HALLOWEEN TRÁGICA NO BARREIRO!
Esta madrugada na cidade do Barreiro, foram encontradas mortas duas jovens de 16 anos e uma terceira também com 16 anos em estado de choque. Segundo a Polícia Judiciária, Constança Pinheiro foi assassinada com 666 punhaladas por Íris da Silva, a sua melhor amiga, que se enforcou num ramo de uma árvore no quintal da sua residência, a poucos metros do local do crime. Aos pés da jovem, estava a arma do crime, uma faca de cozinha ensanguentada. Palmira Lobo, amiga da vítima e da suicida, foi encontrada na sala onde ocorreu a tragédia com as roupas e as mãos cheias de sangue. A jovem sobrevivente encontra-se em estado de choque, tendo sido internada no hospital psiquiátrico para observação e investigação policial. Ninguém sabe dizer ao certo o que aconteceu durante a noite, nem mesmo a jovem devido ao seu profundo estado de desorientação, confundindo a realidade e a ficção. A única coisa que se sabe é que as três moças eram amigas e colegas de escola e que, tinham combinado juntarem-se nessa noite para festejarem “O Dia das Bruxas” fazendo uma maratona de filmes de terror. A polícia está a investigar o caso.»
Fim
Cris Henriques,
[Autora]
Esclarecimento
Em relação ao “Jogo do Copo”, como vulgarmente é conhecido trata-se de uma forma de comunicação com o mundo dos espíritos. É uma sessão espírita, que não deve ser realizada levianamente e muito menos por pessoas sem conhecimento. Este “jogo” como lhe chamam é muito perigoso, pois podem ocorrer possessões, como na história que contei. Juntei duas histórias reais, para criar uma e embora lhe acrescentasse alguma fantasia, posso afirmar que ocorreu o caso de possessão que levou ao suicídio de alguns intervenientes, tal como o surgimento da entidade que mencionei e o facto de quebrarem o copo, para terminarem com aquilo.
Fui convidada algumas vezes por amigos para fazermos uma sessão, mas recusei sempre. Sei como é perigoso e isso é algo que me amedronta, até porque nasci com a mediunidade aflorada e com 2 anos de idade via “coisas” que não eram agradáveis de ver. Depois um padre numa igreja fechou-me aquilo a que aqui em Portugal chamam de “cofre aberto”. Desde então, nunca mais vi nada, porém e ocasionalmente, sinto presenças de algo, mas não vejo…
Termino aqui a minha participação. Espero que gostem do conto. Nunca tinha escrito nada deste tipo, a minha área é o amor e a paixão, o fantástico não é a minha “cena” – como nós portugueses dizemos por cá.
Obrigada.
Abraços a quem passar por aqui e me ler,
Cris Henriques